segunda-feira, 11 de maio de 2009

A vida sobre um fio



Percebendo o relativo esvaziamento das ruas, naturalmente causado por ocasião do dia das mães, quando as pessoas tendem a ficar em suas casas reunidas, decidi caminhar pelo calçadão da praia de Icaraí até o Museu de Arte Contemporânea no mirante da Boa Viagem. Aproveitei, é claro, para tirar algumas fotos e fazer algumas anotações. Ainda extasiado por ter assitido no dia anterior ao filme "O Equilibrista"("Man on Wire", no título original), pus-me a rabiscar algumas notas no Moleskine ali, sentadinho sob a obra de Niemeyer, enquanto observava, vez em quando, um ou outro barquinho de pescadores emoldurados pela entrada da baía da Guanabara.

Não pretendo fazer críticas negativas ou positivas sobre o filme. Prefiro fazer uma breve reflexão sobre a vida e o sentido de ser, de estarmos vivos e assim nos mantermos dia após dia. Ou melhor ainda. Coloco algumas palavras na mesa, e deixo, a quem quiser, as reflexões e conclusões.

O filme, por trás de toda a técnica empregada e da história propriamente dita(homem obcecado em caminhar sobre uma corda estendida no vão que separava as torres do agora derrubado World Trade Center), surpreende-nos a todo instante com reflexões acerca da amizade, dos efeitos da exposição aos holofotes da fama e principalmente sobre a grandeza de viver uma vida acima da mesmice cotidiana - espécie de doença que parece atingir a grande parte da população mundial - , uma vida não necessariamente criminosa, mas fora das regras que nos são impostas e a busca da poesia do dia-a-dia, aquela que é possível encontrar onde menos se espera, mas que é preciso uma dose extra de sensibilidade para percebê-la e uma dose ainda maior de coragem para vivê-la em plenitude. Esse é o grande trunfo de "Man On Wire": além de um documentário interessante sobre a arte contemporânea, sobre um artista que fazia intervenções artísticas urbanas em uma época em que isso não era nada comum, este se mostra ainda mais potente ao narrar um sonho e uma maneira de “ser” transgressora, questionadora. A grande mensagem é que o "belo" pode ser provocado em quase qualquer lugar, especialmente quando se confronta a fragilidade/bravura humana com a grandiosidade do que os homens conseguiram criar. É como se a beleza surgisse justamente do local menos esperado, na antítese entre o que parece extremamente artificial/cinza com a suavidade/originalidade de um balé pelo ar. O homem desafiando a lógica consegue, realmente, inspirar. Assim é Philippe Petit: um garoto francês que cresceu tendo idéias criativas e que, aos 17 anos, ficou maravilhado com o projeto do que seriam os maiores edifícios do mundo e que, em seu currículo, desde que começou suas aventuras, teve mais de 500 prisões, além de ter arriscado por inúmeras vezes a sua própria vida em prol de sua arte. Voilà!

A mensagem do filme acaba por somar-se, em meus pensamentos, aos encantadores versos de Antonio Cicero com os quais tive contato esta semana enquanto lia "A cidade e os livros". Transcrevo, portanto, para conhecimento de todos:

NÊNIA

A morte nada foi para ele, pois enquanto vivia não havia a morte e, agora que há, ele já não vive. Não temer a morte tornava-lhe a vida mais leve e o poupava de desejar a imortalidade em vão. Sua vida era infinita, não porque se estendesse indefinidamente no tempo mas porque, como um campo visual, não tinha limite. Tal qual outras coisas preciosas, ela não se media pela extensão mas pela intensidade. Louvemos e contemos no número dos felizes os que bem empregaram o parco tempo que a sorte lhes emprestou. Bom não é viver, mas viver bem. Ele viu a luz do dia, teve amigos, trabalhou, amou e floresceu. Às vezes anuviava-se o seu brilho. Às vezes era radiante. Quem pergunta quanto tempo viveu? Viveu e ilumina nossa memória.

Vale mais a pena viver muito tempo, ou viver muita coisa? Vale viver a poesia de cada instante? Vale arriscar-se e assim, quem sabe, viver uma vida grandiosa, ou viver uma vida sem sobressaltos, porém medíocre, apagada e sem realizações? Afinal, viver pra quê?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Companhia


Há momentos em que tudo parece insuportável. É preciso arrumar alguma distração, uma espécie de fuga para que eu me sinta bem, seja ela um novo filme, uma nova melodia, um verso cativante, uma bela fotografia, ou até mesmo um big mac e uma coca-cola.

E aí, subitamente, tudo parece inútil. E só o que preciso, é da companhia de mim mesmo.

quinta-feira, 30 de abril de 2009


Voltar a escrever é uma vitória. Um alívio.
Novos tempos, novas percepções, novas idéias, novo eu!
Sempre inventando, dia após dia, a minha realidade.